
O corpo humano é um dos mais complexos organismos da natureza, utilizando-se de diversos mecanismos para manter o equilíbrio em seus órgãos e no corpo em geral. Para tal, o corpo humano utiliza os hormônios peptídicos, substâncias formadas por pequenas cadeias de aminoácidos, sendo secretadas por glândulas endócrinas a fim de desempenharem um papel específico. Alguns dos principais exemplos são a adrenalina, o cortisol, a ocitocina, o antidiurético (ADH), a tiroxina (T4) e os que serão trabalhados neste texto: a insulina e o glucagon.
Como são sintetizados e secretados?
Em primeiro lugar, a insulina e o glucagon são hormônios produzidos no pâncreas endócrino pelas células beta e alfa, respectivamente, as quais são células que possuem como principal função a produção e secreção de seus respectivos hormônios, estando estas presentes nas Ilhotas de Langerhans (representadas na imagem abaixo), micro-órgão descoberto em 1896 pelo biólogo Paul Langerhans. Ele é composto pelas células endócrinas citadas anteriormente, além das células delta (que produzem a somatostatina) e células PP (que contém um polipeptídeo pancreático), que não possuem função no processo de produção e funcionamento da insulina.
Nesse contexto, a insulina possui como principal estímulo à sua produção a detecção de altas taxas de glicose por uma proteína transmembrana, ou seja, que envolve toda a membrana celular, conhecida como GLUT-2, presentes nas células alfa e beta. Dentro da célula beta, a glicose passa pelo processo de fosforilação através da interferência da enzima glucoquinase, o que leva à sintetização de glicose-6-fosfato e ATP (trifostato de adenosina), molécula com função de armazenar e liberar energia, através do ciclo de Krebs. O ATP age fechando canais de potássio da membrana celular, que anteriormente estavam abertos, o que despolariza a célula e faz com que os canais de cálcio sejam abertos e ocorra o influxo de cálcio. A mobilização de cálcio leva à fusão de grânulos secretores que contém a precursora da insulina com a membrana plasmática celular. Assim ocorre a liberação de insulina na circulação sanguínea.
Enquanto isso, no glucagon ocorre um processo semelhante, no qual, durante a hipoglicemia gerada pela liberação de insulina e detectada pela proteína GLUT-2, a concentração intracelular de glicose cai com uma redução subsequente no ATP (trifosfato de adenosina), gerado pela glicólise nas mitocôndrias celulares. Isso leva ao fechamento dos canais de potássio sensíveis ao ATP e a concentração intracelular de potássio aumenta, o que despolariza a membrana celular e leva ao aumento do cálcio intracelular. Dessa maneira, a alta concentração de cálcio desencadeia a secreção de glucagon (desenvolvido de seu precursor) do interior das células alfa por exocitose, representada na imagem abaixo.
Quais são suas funções no corpo?
A insulina tem como função principal a redução na quantidade de glicose no sangue, sendo que o glucagon possui efeito biológico contrário. Ambos os hormônios atuam no pâncreas e no fígado, sendo que a insulina absorve glicose de células do fígado, dos músculos e do tecido adiposo, que tem como função o armazenamento de gordura do corpo, transformando-a em glicogênio e, em caso de excesso de glicose, em gordura corporal, o que pode levar ao aumento do peso do indivíduo. Já o glucagon tem como função o aumento dos níveis de glicose no sangue, por meio da quebra do glicogênio ou do uso da glicose acumulada na gordura corporal, evitando assim a hipoglicemia e levando a uma significativa perda de peso e for liberado em altas quantidades.
Insulina e a Diabetes
A diabetes é uma doença do sistema endócrino que é caracterizada pela hiperglicemia, devido à falta de insulina no corpo pela destruição das células beta pelo sistema imunológico do indivíduo (Tipo1) ou pela resistência do corpo à insulina, mesmo que seja produzida normalmente pelo corpo (Tipo 2). Dessa maneira, percebe-se a importância da insulina no corpo humano, já que as pessoas que possuem diabetes tipo 2 são forçadas a realizar mudanças em seu estilo de vida e alimentação para se adequarem em níveis de glicose, já que possuem resistência ao hormônio. Por outro lado, pessoas com diabetes tipo 1 injetam insulina em seus corpos diariamente e podem manter seus hábitos diários mesmo que sejam acometidos pela falta de produção do hormônio.
Novidade científica
Em março de 2025, A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nos testes clínicos a primeira insulina semanal do mundo, do fabricante Novo Nordisk, nomeada globalmente de Awiqli e registrada no Brasil como Icodec, sendo considerada um avanço científico enorme, pois agora indivíduos com diabetes terão que injetar insulina semanalmente do que diariamente, o que representa uma redução de 313 doses anuais de insulina injetável para este tratamento (de 365 para 52). Ainda que haja tamanha espera pelo seu lançamento, a fabricante ainda não anunciou quando irá começar a comercialização do produto que se tiver o mesmo efeito da insulina diária revolucionará a vida das pessoas que são afetadas pela diabetes.