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A Era da Efemeridade Digital: Obsolescência Programada e a Pegada de Carbono Oculta

  • Lívia Martins e Maria Eduarda Fernandes - MC
  • 28 de nov.
  • 3 min de leitura


Em um mundo onde smartphones duram menos de dois anos e laptops parecem obsoletos antes mesmo de serem lançados, a obsolescência programada se tornou uma estratégia invisível que alimenta o ciclo vicioso do consumo. Mas o que poucos sabem é que essa prática não só enche nossos bolsos de lixo eletrônico, como também deixa uma pegada de carbono digital devastadora no planeta. Vamos desvendar essa conexão e explorar como nossas escolhas tecnológicas estão moldando um futuro sustentável – ou não.

O Que é Obsolescência Programada?

A obsolescência programada, termo popularizado pelo designer francês Victor Papanek na década de 1970, refere-se à prática deliberada de projetar produtos para falhar ou se tornarem obsoletos em um curto período. Isso força os consumidores a comprar substitutos, gerando lucros constantes para as empresas. No universo digital, isso se manifesta em atualizações de software que tornam dispositivos antigos incompatíveis, baterias que se degradam rapidamente ou designs que priorizam a estética sobre a durabilidade.

Um exemplo clássico é o caso dos iPhones da Apple. Em 2017, a empresa admitiu em um relatório que desacelerava intencionalmente dispositivos mais antigos para preservar a bateria, incentivando upgrades. Segundo um estudo da Universidade de Lund, na Suécia, essa prática contribui para que 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico sejam geradas anualmente, com apenas 20% sendo reciclados adequadamente.

A Pegada de Carbono Digital: O Custo Invisível da Tecnologia

Enquanto a obsolescência programada acelera o descarte de gadgets, a pegada de carbono digital revela o impacto ambiental oculto por trás de cada clique, stream ou download. Esse conceito engloba as emissões de gases de efeito estufa associadas à produção, uso e descarte de dispositivos digitais, além da infraestrutura que os suporta.

De acordo com o relatório "Clicking Clean" da Greenpeace, o setor de TI consome cerca de 7% da eletricidade global, com data centers e redes de telecomunicações responsáveis por emissões equivalentes às da aviação comercial. A produção de um único smartphone, por exemplo, gera cerca de 70 kg de CO₂, incluindo a extração de minerais raros como cobalto e lítio, muitas vezes em condições ambientais precárias.

A obsolescência programada agrava isso: quanto mais rápido os dispositivos são substituídos, maior o volume de produção e descarte. Um estudo da Universidade de Cambridge estima que, se a vida útil dos smartphones fosse estendida em apenas um ano, as emissões globais de carbono poderiam cair em 10 milhões de toneladas por ano – o equivalente a remover 2 milhões de carros das ruas.

Conexões e Consequências: O Ciclo Vicioso

A ligação entre obsolescência programada e pegada de carbono digital é direta. Produtos projetados para durar pouco aumentam a demanda por matérias-primas, energia e manufatura, elevando as emissões. No descarte, o lixo eletrônico libera toxinas como chumbo e mercúrio, contaminando solos e águas, enquanto a reciclagem inadequada contribui para o aquecimento global.

Empresas como a Fairphone estão desafiando essa norma, oferecendo smartphones modulares e reparáveis, com uma pegada de carbono 30% menor que a média. Iniciativas como a "Diretiva de Ecodesign" da União Europeia buscam regulamentar a durabilidade dos produtos, forçando fabricantes a prolongar a vida útil de dispositivos.

O Que Podemos Fazer?

Como consumidores, podemos combater essa tendência escolhendo marcas sustentáveis, reparando em vez de descartar e apoiando legislações que proíbam a obsolescência programada. A transição para uma economia circular, onde produtos são reutilizados e reciclados, é essencial para reduzir nossa pegada digital. Lembre-se: cada decisão tecnológica é uma votação pelo futuro do planeta.

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