CRISPR-Cas9: Avanços ou Ética?
- Letícia Dias e Luna Figueiredo - 2º MC
- 13 de ago.
- 3 min de leitura
Houve um grande desenvolvimento da biotecnologia, desde a Antiguidade, com o
processo de fermentação de alimentos, até a aplicação do CRISPR-Cas9 em diversos tipos de seres humanos. Dentro desse processo de descobertas existem marcos muito importantes, como os primeiros experimentos genéticos, As Leis de Mendel, considerado o pai da genética, em 1866, trazendo os primeiros estudos sobre os princípios fundamentais da genética, a transmissão de herança de geração em geração e a variabilidade genética. Em 1953, A descoberta da estrutura do DNA, conhecida
como a “dupla hélice” por Watson e Crick. Em 1968, houve a descoberta das enzimas de restrição, por Werner Arber, assim descobriu que células bacterianas produzem dois tipos de enzimas, enzima de "restrição", que identifica e corta o DNA estranho e enzima de "modificação", que reconhece o DNA do hospedeiro e o protege da clivagem. Em 1972, a descoberta do DNA recombinante, (rDNA), por Werner Arber, estabeleceu os princípios da genética moderna, possibilitando a introdução de características específicas e controladas nos organismos, com a combinação de elementos de DNA de diferentes organismos. Na década de 1980, teve diversos avanços, como o Primeiro animal transgênico, em 1981, transferindo o gene de um coelho para o genoma de um camundongo e primeiro medicamento humano geneticamente modificado, em 1982.
Até finalmente chegar na década de 1990 até os anos atuais, houve a descoberta dos
princípios fundamentais do CRISPR, envolvendo diversos nomes importantes como
Doudna, Charpentier e Mojica, em diferentes anos. CRISPR-Cas9, sigla para "Repetições Palindrômicas Curtas Regularmente Espaçadas Agrupadas" (CRISPR) e "Proteína Associada ao CRISPR 9" (Cas9). Logo é um sistema imunológico adaptativo bacteriano na natureza, as bactérias utilizam o CRISPR como uma forma de imunidade adaptativa, armazenando fragmentos de DNA de vírus invasores e usando-os para reconhecer e combater infecções futuras, o componente Cas9, é uma enzima que atua como uma “tesoura” molecular, capaz de cortar o DNA em locais específicos. Juntas, as duas partes formam um sistema eficiente para editar genes de maneira precisa.
Assim, o CRISPR-Cas9 é uma técnica de edição genética, corrigindo mutações genéticas, tratando doenças hereditárias e criando organismos geneticamente modificados com precisão.
Com todo esse avanço da edição genética, com diversas áreas de aplicação, principalmente na biomedicina no tratamentos de doenças genéticas, com a terapia gênica, usando CRISPR pode corrigir mutações, e na agricultura, auxiliando no desenvolvimento de alimentos geneticamente modificados, assim tendo maior resistência a pragas, doenças e condições ambientais adversas. Quando se trata da vida humana, com a edição genética, há questões polêmicas em relação à ética, até
onde deve ser utilizada e como deve ser utilizada. Aos mesmo tempo que essa técnica
salva vidas, como no caso do bebê, KJ Muldoon, com uma doença rara e fatal foi salvo
por uma terapia inovadora baseada em CRISPR. diagnosticado com deficiência de
carbamoil-fosfato sintetase 1 (CPS1), A mutação no gene CPS1 impede que o corpo processe corretamente o nitrogênio, o que pode causar acúmulo tóxico de amônia no organismo.
Entretanto outros casos contraditórios, no caso do pesquisador chinês, He Jiankui, modificou embriões humanos, assim nascendo bebês gêmeas geneticamente modificados, no intuito de poupar os bebês da possibilidade de se infectar com o HIVmais tarde na vida, “uma técnica poderia ser usada para reduzir a carga da doença HIV/AIDS em grande parte da África.” de acordo com Jiankui, recrutando casais em
que o pai estava infectado com HIV e a mãe não. Porém, por falsificar documentos de
revisão ética e induzir médicos a implantar, sem saber, embriões geneticamente modificados, foi considerado culpado de condução de "práticas médicas ilegais" e sentenciado a 3 anos de prisão. Diversos cientistas e especialistas em ética presentes na cúpula e em todo o mundo afirmam, “O experimento foi considerado prematuro, irresponsável e injustificado porque expõe os bebês aos riscos associados à edição genética, com pouco ou nenhum benefício.” Portanto, a questão ética e moral, é um dos maiores desafios para a continuidade dos avanços tecnológicos da edição genética (CRISPR-Cas9), justamente pelas implicações éticas e consequências na edição de embriões humanos, obrigatoriamente
tendo que obedecer às regras éticas da ciência. Trazendo possíveis problemas, como, a Eugenia Genética, com essa ideia de seres humanos geneticamente modificados, assim a “melhor genética”, com a possibilidade do retorno de antigas ideologias e reforçar preconceitos, como racismo e capacitismo, Além disso, a desigualdade de acesso, onde surgem preocupações de que os avanços na edição genética possam estar disponíveis apenas para os mais ricos. E o principal, a regulamentação e
fiscalização, como definir até onde se deve utilizar desta técnica, até onde a tecnologia
interfere diretamente na vida humana.
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