A natureza pode ser mais irônica do que muitos pensam
- Sofia Marra e Leticia Dias - 2ºMC
- 8 de out.
- 4 min de leitura
Sofia Marra e Leticia Dias
A natureza pode ser mais irônica do que muitos pensam. Na verdade, é um completo
mistério as suas decisões sob as rotas da vida na Terra. Algumas vezes acho que a mãe
natureza ainda é muito menina e por isso prefere ficar brincando com seu trabalho e apenas observar até onde a vida pode chegar. A antroposfera é mais pertencente ao mundo natural e selvagem do que o orgulho de mega predador permite que seja, é hediondo negar que toda produção humana é natural.
Até matar e desfigurar a natureza é natural, pois viemos dela e se ainda vivemos ou
praticamos algo é por que ela assim permite. Pois, a mãe natureza sabe que nós, seus malditos filhos, não somos maiores que ela, por que não somos maiores que a vida, quando acabar o último de nós, ela e a vida seguirão e esquecerão os ossos secos no caminho. Poderá haver apenas fungos devoradores de radiação ou mundos de baratas e ratos, mas a vida se recreará sem nós, mamãe pode viver sem nós, nós que nunca poderemos ser independentes e sair de sua morada. Por isso ela nos permite entrar em rota de colisão, somos mais um para ela ver se extinguir. É ilusório acharmos que a estamos ferindo, pelo contrário, o único condenado a morte somos nós.
Não basta ser completamente sádica, a moça ainda é louca. Ela viu que os humanos
são diferentes, a natureza deles é mais refinada e complexa, o que significa problemas e
critérios de vida mais refinados e complexos. Nos debruçamos sobre pensamentos e mitos,
depois filosofia e, por fim, ciências para dá-la forma e cor, disseca-la e ver minuciosamente
como seu coração bate e os impulsos nervosos reagem. Mas achamos muitas teorias e poucos
fatos, isto se de fato o fato existe. Muito se aborda sobre o significado de tudo que ela faz, do por quê da vida e o que isso deveria dizer a nós, contudo, se olharmos para uma fase
antecessora, podemos perguntar sobre o como da vida.
O que faz uma raça morrer e outra sobreviver? Qual é a chave para a imortalidade das
espécies? O forte, o inteligente ou o mais adaptativo que vive para contar a história? Ao
desenrolar seu carretel de linha, onde está impresso toda a história de Terra, a mãe natureza viu o mundo aquecer e os símios descerem das árvores, aí começa a seu conto predileto. Com esse troço de linha, seguiu fazendo a sua tapeçaria, uma grande cena cosida a cerca de quatro bilhões de anos, muita lava, muito oceano e animais nunca mais vistos. Por que nós? Não temos garras, perdemos força muscular para podermos ter habilidade motora fina, temos cinturas muito finas para correr longa distâncias que junto a cabeças muito grandes para o cérebro, que consome 1/5 de toda a energia que produzimos, nos faz gravemente péssimos parteiros.
Não podemos competir com muitas das feras que andam por aí. Nem sequer com as
que, graças a moça, deixaram de caminhar sobre a natureza. Em certo grau, parece até injusto termos sobrevivido e dominado o mundo. E talvez seja mesmo. A inteligência teve seu papel,
verdade, mas o quanto demorou para dela chegar nesse ponto de ebulição? Muitas outras
raças são bem mais adaptáveis que nós, alguns seres nem precisam de oxigênio, nem
envelhecem. Vencemos por que somos fracos.
Nossos antepassados tinham um cérebro mais ou menos desenvolvido para o padrão
daquela era, um par de polegares opositores e uma coluna querendo ser bípede. Éramos
fracos e morreremos fracos, nossos filhos e pais também o são. Em plena era humana, essa
regra ainda é invicta, o fraco vive para sempre. O fraco tem poucas habilidades, nada nele éextraordinário, é medíocre. O fraco, ele não briga, pois não pode vencer, não enfrenta, por que seu corpo é feito para fugir. Por causa disso, seguem suas regras, sua covardia de gente má e
corrupta. Eles sabem que, de maneira justa, não tem capacidade de nada. Não cultivam,
roubam. Não lutam, envenenam a água. Não conquistam, tomam para si e caso não consigam, incendeiam a aldeia para que ninguém possa tê-la. É menos energia gasta, é pura mais-valia.
Os fortes estão condenados a fazer o que nenhum outro jamais fez e sofrer por isso.
Sofre pela sua moral, sua continência, sua vida seria tão leve se não se importasse nem
consigo mesmo! Se não temesse se tornar um nada, se só quisesse degustar do agora, de não
temer as consequências de seus atos, mas está preso e sendo linchado por querer fazer o certo
sem entender o porquê apanha. O fraco ganha uma meia dúzia de coisas que arranca do forte,
mas o bom fraco ganha infinidades, vira rei, herói e algumas vezes até político. Mas as porções do botim pouco importam, podem ter muito pouco e estarão orgulhosos disso, fraco não é só o corpo, a mente e o espírito também o são. O fraco bem ou mal sucedido, não importa, estão como os pombos, sobrevivem e se espalham, chegam até convencer a quem não é, a se tornar.
Os fortes só sabem lutar pelas suas leis, cara a cara e por escrito, e contra o fraco,
perderão. Os fracos são muitos e cruéis. A violência e o maltrato são práticas dos que temem e sabem que podem ser vencidos pelo forte, por isso não há espaço para a gentileza. Egoístas, fingem amar até que seja conveniente, dão algo de paz, para depois tomar. Tudo em suas vidas é processado e embalado, o sorriso, as amizades, o interesse, tudo fede a produtos
artificiais. Não tem cultura nem ideologias bem pensadas, até isso eles consomem pronto,
apenas absorvem sem saber do que é feito e pedem bis.
O mundo é deles. Hão de ganhar seu credito. Estúpido é o forte que acha que moral é
algo válido na lei da selva. Aqui deixo as minhas parabenizações aos fracos, o reino da terra é
seu. Conseguiram achar a fórmula para a imortalidade, por que eles nunca dormem e viveram para sempre ao lado de sua corrupção e vida plástica, sem sabor ou cheiro, maltratando a todos que podem arrancar um troço de carne até que começam a arrancar dos outros fracos, pois um dia a carne acaba. Parabéns, os fracos viverão para sempre.





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