O filme Matrix, de 1999, dirigido pelas irmãs Wachowski, é uma representação simbólica da crise da verdade absoluta no contexto do pós-modernismo. A trama acompanha Neo, um jovem que descobre que o mundo em que vive, é na verdade, uma simulação digital criada por máquinas para controlar a humanidade. Essa descoberta abala completamente sua noção de realidade e o leva a questionar tudo o que antes considerava verdadeiro.
Esse enredo dialoga diretamente com ideias pós-modernas, que rejeitam a existência de verdades universais e definitivas. Em Matrix, a realidade é construída artificialmente, e o conhecimento é manipulado por sistemas de poder. Assim como no pós-modernismo, onde a verdade é vista como relativa e moldada por contextos sociais, culturais e tecnológicos, o filme mostra que aquilo que é aceito como real pode ser, na verdade, uma ilusão.
Outro ponto central é a relação com o filósofo Jean Baudrillard, especialmente em sua obra Simulacros e Simulação, responsável por inspirar diretamente a construção conceitual do filme. A Matrix é um exemplo claro de simulacro e hiper-realidade, em que o mundo simulado se torna mais convincente que a própria realidade, igual quando Morpheus diz a frase no filme: "Bem-vindo ao deserto do real." afirmação que mostra que fora da simulação, o mundo real é caótico e desolador, contrastando com a ilusão confortável da Matrix.
Além disso, o filme problematiza o papel da linguagem, da percepção e da tecnologia na formação do conhecimento humano, evidenciando que a verdade pode ser uma construção frágil e manipulável. A escolha de Neo entre a pílula azul (permanecer na ilusão) e a vermelha (descobrir a verdade) simboliza o confronto entre viver confortavelmente em uma mentira ou encarar a incerteza da realidade, destacando a frase provocadora, "Você já teve a sensação de que o mundo não é exatamente como parece?". Assim, concluímos que o filme "Matrix " vai além da ficção científica, é estabelecida como uma poderosa metáfora do mundo contemporâneo, convidando a todos à uma reflexão sobre a natureza da verdade em um mundo marcado pela desinformação, pela virtualidade e pela perda de referências absolutas.