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Os efeitos dos metais pesados provenientes do garimpo ilegal na vida da população

  • Clara Lopes e Laura Silva - MC
  • 11 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 28 de jun.


O garimpo ilegal vem se reafirmando um gigantesco problema para o Brasil há décadas. Mesmo que não esteja mais em sua “era de ouro”, atingido em 1980, esse ato criminal tem crescido exponencialmente ao longo dos anos, principalmente em áreas que deveriam estar sendo monitoradas e amparadas pelas leis ambientais brasileiras. Desse modo, devido a total negligência de vários governos, cria-se novas “Serras Peladas” em reservas nacionais e terras indígenas, devastando e desequilibrando ecossistemas inteiros. Além de desmatar, o movimento ilícito também afeta diretamente a saúde de populações a partir dos metais pesados utilizados durante o processo da busca por riquezas.


O mais comum é o mercúrio (Hg), que cumpre sua função de separar na bateia o ouro presente no solo ou na água e formar uma substância chamada amálgama, que é uma liga metálica criada pela união do mercúrio com partículas de ouro. Essa mistura é então aquecida, fazendo com que o mercúrio evapore, restando apenas o metal nobre. Todavia, por mais que o mercúrio não dilua bem na água, ele tem uma alta capacidade de contaminação, logo, devido à sua toxicidade e à sua capacidade de se transformar em metilmercúrio (forma orgânica mais tóxica), ele se bioacumula na cadeia alimentar aquática, começando com pequenas algas e líquens, que transferem para peixes e outros animais que se alimentam dessas plantas, inclusive os predadores dos peixes, podendo ser outras espécies. Assim, ao longo dessa escalada o metal pesado chega em quantidades letais no organismo do ser humano por meio da alimentação, uma vez que ele se encontra no topo dessa rede trófica, ou até mesmo pela ingestão direta da água intoxicada.


Dessa maneira, essa substância com apenas 1,2 miligramas pode causar bronquite química e, em seguida, fibrose pulmonar. Além disso, pode causar danos em diversos sistemas, especialmente no sistema nervoso, acarretando tremores, insônia, perda de memória, dores de cabeça e fraqueza muscular. Também pode comprometer o bom funcionamento dos rins, do sistema cardiovascular, respiratório, gastrointestinal, hematológico, imunológico e reprodutivo. A dosagem de 1 ou 2 gramas é, simplesmente, considerada fatal ao levar a falência múltipla de órgãos e necrose tecidual.


Mesmo que o combate ao garimpo ilegal venha avançando nos últimos anos, ainda que em passos extremamente lentos, muitos impactos são gerados, tendo os destaque voltados às populações ribeirinhas e os indígenas que têm suas terras exploradas ilicitamente. Como exemplo há o caso Yanomami , ocorrido em 2023, o qual teve grande repercussão nacional e mobilizou um grande movimento da população e do governo recém estabelecido na época. Nessa crise, além de várias mortes de adultos e crianças por doenças evitáveis trazidas por garimpeiros e desnutrição, foram computados intoxicados. Estudos mais recentes divulgados pela plataforma do G1 demonstram que em 9 comunidades Yanomami, 94% dos indígenas têm alto nível de contaminação por mercúrio.


Dessa forma, torna-se imprescindível posicionamentos mais firmes do governo juntamente com o ICMBio, a FUNAI, o Ministério do Meio Ambiente e outros institutos. A COP 30, que acontecerá em Belém, no Pará, em novembro deste ano, será um palco propício para dar início a esses incentivos ao combate da exploração criminosa concomitantemente aos debates sobre a prevenção e solução dos efeitos do Mercúrio na população e na biosfera. Já é hora de atitudes eficazes serem tomadas para que a nação progrida em direção a um futuro sustentável. Não é mais possível fechar os olhos para o desleixo de gerações.

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