Todo mundo já ouviu que o agronegócio é o motor da economia brasileira — e não é mentira. O setor gera milhões de empregos, movimenta bilhões de reais e coloca o Brasil entre os líderes mundiais na exportação de alimentos. Mas nem tudo são flores (ou soja). A verdade é que boa parte desse crescimento tem cobrado um preço alto do meio ambiente.
O avanço do agronegócio, muitas vezes, está diretamente ligado ao desmatamento, ao uso excessivo de agrotóxicos e ao desperdício de recursos naturais, especialmente a água. Biomas como a Amazônia e o Cerrado vêm sendo destruídos para dar lugar a pastagens e grandes monoculturas. Esse processo afeta a biodiversidade, compromete o equilíbrio climático e ameaça, ironicamente, o próprio futuro da produção agrícola. Afinal, como plantar sem chuva, com o solo esgotado e um clima cada vez mais instável?
O mais frustrante é que as soluções sustentáveis já existem. Tecnologias que favorecem a agroecologia, a produção orgânica e o manejo responsável dos recursos naturais estão disponíveis, mas não recebem o mesmo incentivo que o agronegócio tradicional. Produtores que apostam em práticas sustentáveis muitas vezes ficam à margem, enquanto grandes empreendimentos seguem com modelos ultrapassados, mas altamente lucrativos.
É fundamental entender que cada escolha no mercado — do que colocamos no carrinho do supermercado ao que exigimos como cidadãos — influencia essa balança. Valorizar produtos locais, sazonais e de origem responsável é um passo importante. Informar-se sobre a cadeia produtiva e apoiar iniciativas que priorizam a sustentabilidade pode parecer pequeno, mas gera impacto real. O consumo consciente é uma das formas mais eficazes de pressionar por mudanças no sistema.
Se queremos um futuro com comida de qualidade e um planeta habitável, o agronegócio precisa mudar — e rápido. Essa transformação depende de pressão da sociedade, consumo consciente e, principalmente, de políticas públicas sérias que priorizem o equilíbrio entre produção e preservação.
Não dá mais para fingir que está tudo bem só porque o prato está cheio, enquanto o mundo à nossa volta está cada vez mais vazio de recursos.

