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MEMORIAIS VIVOS

  • Clara Lopes e Laura Silva - MC
  • 5 de nov.
  • 2 min de leitura

Há uma crença de que a água tem memória. O som do riacho fluindo pelas pedras

ressoou em meus ouvidos e pude imaginar o eco de risadas fantasmas ou o brilho

de lágrimas passadas que o tal líquido cristalino poderia reservar, como um grande

reservatório de lembranças. O percurso do rio sempre recomeçava, e me perguntei

se isso seria uma bela alusão de como o riacho não encontrava nada de novo

diante de si, apenas experiências repetidas com um toque de singularidade que as

diferenciava.


Mas além da água, penso que grandes ou pequenos monumentos guardam grandes

ou pequenas histórias. Museus conservam o passado como se este pudesse ser

contemplado pelo presente, livros preservam acontecimentos lendários em

pequenas folhas preenchidas por simples tintas, estátuas podem ser um símbolo de

um povo há muito esquecido que continua vivo através dos seus representantes

materiais. Porque memórias nunca podem morrer enquanto forem lembradas.


Suponho que seja por isso que o homem criou o patrimônio. Quando um indivíduo

percebe que faz parte de algo muito maior, de que ele faz parte de um legado, uma

identidade em comum o conecta à outras pessoas com as mesmas origens. As

lembranças podem trazer união, assim como podem perpetuar a divisão. Apesar

disso, elas são essenciais para tornar o mundo um lugar melhor, pois ao saber da

luta dos nossos ancestrais para atingir tal propósito, um sentimento de honrar esse

anseio poderá levantar toda uma geração em prol do bem comum.


Gerações vêm e vão, mas os patrimônios permanecem, majestosos e austeros

como heróis do tempo. Eles nos permitem teletransportar para uma época que

jamais voltará, nos permitem imaginar como seria o cotidiano dos nossos

antepassados, nos permitem viajar pelos séculos sem sair do lugar. Eles

representam uma nação, um povo, um grupo de pessoas que estão unidas por

laços antigos… São rastros de uma cultura que não pode ser perdida ou esquecida.

É uma forma que o ser humano encontrou de resistir à morte.


Os patrimônios são o eco do passado avançando em direção ao futuro, sussurrando

histórias e legados, perpetuando tradições e costumes, trazendo à tona que a

memória não precisa de uma parede de concreto para ser preservada, mas que ela

pode continuar viva quando é vivida - em festas, comemorações ou costumes

familiares repetidos ao longo de eras. Eles podem conservar a cultura de um povo,

eternizando suas realizações e peculiaridades, por mais simples e comuns que

possam parecer aos olhos de outros. Pois são como memoriais vivos, imortais, que

têm o potencial de fazer toda a diferença, mesmo no tempo presente

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