Ao longo dos séculos, boatos, informações e notícias foram distorcidas e utilizadas
como instrumentos de manipulação e controle, com o objetivo de enganar, influenciar
opiniões ou provocar polaridade na sociedade. Apesar de não serem um fenômeno
recente, as Fakes News ganharam alcance global com o avanço da internet e das
redes sociais. Um exemplo relevante ocorreu em 2003, quando os Estados Unidos
lideraram uma invasão ao Iraque sob a justificativa de que o país possuía armas de
destruição em massa, armamentos que posteriormente nunca foram encontrados.
Esse episódio revelou como informações falsas podem ser manipuladas para
justificar ações graves e influenciar decisões políticas de grande impacto.
Os impactos das fake news tornaram-se ainda mais evidentes durante a eleição
presidencial dos Estados Unidos em 2016, quando notícias falsas foram divulgadas
nas redes sociais, influenciando a opinião pública e favorecendo a polarização
política. Diversas fakes news criadas com aparência de informação jornalística, foram
compartilhados por milhões de usuários, espalhando boatos sobre os candidatos e
distorcendo fatos para favorecer um lado. Estima-se que essas publicações tenham
alcançado mais visualizações do que as notícias verdadeiras naquele período, o que
comprometeu o processo democrático e acendeu um alerta global sobre os perigos
da desinformação em contextos eleitorais
Os efeitos da desinformação se mantêm até os dias atuais, ultrapassando o campo
político. Durante a pandemia da COVID-19, por exemplo, fake news sobre vacinas,
tratamentos ineficazes e teorias conspiratórias causaram mais caos alimentando
movimentos antivacina e dificultando o controle da crise sanitária. Além disso, a
internet favorece a circulação de boatos por meio de redes sociais, muitas vezes sem
saber da veracidade. Nesse contexto, o combate às fake news não depende apenas
de ações governamentais ou tecnológicas, mas também de uma sociedade mais
crítica e consciente de seu papel na construção da verdade.
Outro aspecto preocupante das fake news é o seu impacto sobre grupos vulneráveis,
que muitas vezes se tornam alvos de discursos de ódio ou teorias conspiratórias.
Minorias étnicas, religiosas, de gênero ou imigrantes frequentemente são retratadas
de forma distorcida, alimentando preconceitos e legitimando práticas
discriminatórias. Esse tipo de desinformação não apenas reforça estigmas históricos,
mas também pode estimular ações violentas e a exclusão social, ampliando
desigualdades e dificultando o avanço de uma convivência mais justa e plural.
Para enfrentar esse cenário, é essencial investir em educação midiática desde os
primeiros anos escolares, estimulando a capacidade crítica de analisar, interpretar e
verificar informações. A alfabetização digital deve ser compreendida como ferramenta
indispensável à cidadania, capacitando indivíduos a reconhecerem fontes confiáveis,
desconfiarem de conteúdos sensacionalistas e compreenderem o papel dos
algoritmos na disseminação de conteúdo. Apenas com uma população informada e
crítica será possível resistir aos efeitos nocivos da desinformação e fortalecer os
pilares da democracia e da convivência social.
