O período da revolução industrial se refere a um longo processo de desenvolvimento tecnológico industrial que se iniciou no ano de 1760 e perdurou até 1850, entretanto, seus impactos são sentidos até os dias atuais. Todas as três fases da revolução foram responsáveis pela ascensão da burguesia, que passou a deter os meios de produção, ascensão do capitalismo no mundo, precarização das condições de trabalho e criação da DIT (Divisão Internacional do Trabalho). É notório que esse marco histórico mudou profundamente diversos aspectos da vida social a partir do século XVII, assim como a estrutura política internacional.
A revolução industrial não se deu de modo homogêneo pelo globo e, por questões de recursos naturais e financeiros, ficou concentrada nos países do hemisfério norte, como Inglaterra e França. Essa desigualdade entre as nações formou a atual DIT, na qual cada Estado tem seu papel na cadeia produtiva e no comércio mundial. Dessa maneira, há os fornecedores de matéria-prima e produtos baratos de baixo grau de industrialização e os -fornecedores de mercadorias de alto valor agregado, estes se dão melhor no ponto de vista monetário por venderem itens mais caros do que os que compram e dominam o mercado com seu poder econômico.
A DIT foi responsável pelo aumento das eficiência e produtividade, diminuição dos custos de produção com aumento da qualidade e fomento de trocas comerciais entre países, assim fomentando o crescimento, o desenvolvimento e cooperação entre diversos países. Além de tudo, a DIT impulsionou o desenvolvimento tecnológico de diversos países, uma vez que a especialização da produção leva à busca do aumento da produção e melhoria das tecnologias para assim atender às exigências do mercado consumidor e também na competitividade entre os países. Tal desenvolvimento na tecnologia leva à uma melhora de condições sociais, como saúde e educação, já que o investimento traz altos lucros para o país.
Em contrapartida, nota-se que essa repartição decorrente da revolução industrial foi responsável pelo aumento das desigualdades entre os países do mundo. Tal cenário se faz perceptível em momentos históricos de hegemonia das nações industrializadas, como a partilha da África durante o imperialismo do século XIX com o objetivo de obter mais recursos e mercado consumidor e a influência desses na política dos subordinados, tópico no qual se destaca o papel da Inglaterra na abolição da escravatura no Brasil para o seu benefício econômico. Até os dias atuais, os emergentes, ou seja, aqueles que estão em processo recente de industrialização e rápido crescimento econômico, importam tecnologias vindas dos países desenvolvidos por altos preços, enquanto os produtos exportados não atingem grandes valores, assim favorecendo majoritariamente os desenvolvidos e dificultando o progresso dos demais. Logo, ressalta-se a DIT como responsável por criar hierarquias globais, nas quais países altamente industrializados estão sempre em evolução, enquanto os subdesenvolvidos adquirem funções secundárias, salientar as dependências econômicas, visto que as nações periféricas passam a ser cada vez mais sujeitos às tecnologias e matérias-primas das mais industrializadas e aumentar os conflitos geopolíticos, principalmente pela disputa de territórios com disponibilidade de recursos, tal como ocorreu na partilha da África durante os anos de 1880-1914.
