A crise da verdade e o pós-modernismo em “A Origem”
- Ana Clara de Oliveira e Ana Laura - 2ºMT
- 9 de mai.
- 2 min de leitura

O pós-modernismo é uma corrente filosófica e cultural que rompe com os ideais de verdade absoluta, razão universal e progresso linear. Em seu lugar, propõe uma visão fragmentada da realidade, na qual múltiplas interpretações coexistem e a verdade passa a ser vista como relativa, construída a partir de diferentes contextos e experiências. Essa crise da verdade absoluta é uma das principais características do mundo contemporâneo, especialmente em uma era marcada pelo excesso de informação e pela crescente desconfiança em relação aos discursos oficiais.
Nesse sentido, o filme “A Origem” (Inception, 2010), dirigido por Christopher Nolan, representa de maneira clara os princípios do pensamento pós-moderno. A trama acompanha Dom Cobb, um especialista em invadir sonhos para extrair ou implantar ideias no subconsciente de outras pessoas. Ao longo da narrativa, a história se desenrola em múltiplos níveis de sonho, tornando cada vez mais difícil distinguir o que é real e o que é ilusório. O desfecho, com o pião girando indefinidamente, simboliza essa ambiguidade (o espectador não sabe se Cobb está sonhando ou acordado), e essa incerteza é intencional.
A estrutura narrativa do filme dialoga diretamente com o pensamento pós-moderno, ao rejeitar uma única interpretação correta e ao questionar a própria noção de realidade. Nesse contexto, a verdade torna-se instável e subjetiva. O filme não busca oferecer respostas definitivas porque, assim como o pós-modernismo, valoriza mais a reflexão do que a conclusão. A dúvida, portanto, passa a ser parte essencial da experiência.
Em suma, A Origem traduz de forma criativa e complexa a crise da verdade absoluta no mundo contemporâneo. Ao apresentar uma realidade múltipla e fragmentada, o filme ilustra como o pós-modernismo desafia certezas absolutas e convida o espectador a refletir criticamente sobre aquilo que considera verdadeiro.
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