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Tribunal das contas não resolvidas

jul 10

3 min de leitura

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Ser cronista é sempre ter algo que opinar. Isso vale para articulistas, resenhistas e até tantos outros. Contudo, não posso deixar de fora da soma qualquer outro ser com mente própria e ideais singulares. Tanta teoria, tanto ponto de vista exposto em algarismos ocidentais que (todos devem admitir) sempre buscamos algo para analisar. Achamos algo, fiscalizamos sobre nossa lupa feita por nossa moral e vivências, processamos, e, por último, damos o veredito final. E não digo isso com total repreensão.

Não é só de atitudes alheias que vive o julgamento. Não. Pelo contrário, em alguns pontos essa postura de homem da lei é até plausível. É particularmente interessante caminhar pela cidade: um muro privado pichado, um amontoado de lixo não recolhido, bueiro sem a grade, algum prédio que há tempos não recebe cuidados, a pequenez das calçadas e a peneira que são as ruas. Isso tudo é visto e julgado por mim, pelo pedestre, pelo dono do muro e pelo motorista. “Como a cidade está um lixo!”. Assumimos a posse de detentores de alguma razão absoluta e mantemos o estilo de juiz do salão dourado. “Ao menos que fosse só as ruas...”.

Os pacientes de algum hospital público também entram nesse júri furioso. Os doentes da fila de doação de órgãos que foram ultrapassados por alguém que pode pagar mais para o sistema, os professores desacreditados de sua importância, os civis que perderam tudo em um assalto e outros exclamam seus juízos finais. E todos estão corretos. Sem tirar um pingo de razão da frustração e da fome por quererem seguir as suas vidas. Cada um com seu amparo de queixar-se pelo mal que está nosso, já não tão pomposo, Belo Horizonte.

Uma crítica desacompanhada de atitude é só xingamento, vai no ar, sublima e vira fuligem até ser varrido pelo esquecimento ou descaso (vou ter que assumir minha

postura judicial novamente aqui). As eleições estão à porta, não sabemos se é tempo de renovação ou de medo. Ou melhor, é tempo de permanência, nada vai mudar. Descrevo o cenário patético que são essas épocas: eles vêm, fazem o circo que são suas apresentações, surgem uns coléricos que os aplaudirão fervorosamente; independente dos crimes, corrupções e promessas quebradas, e alguns deles serão escolhidos, haverá algum tempo de euforia e revolta, pelos afiliados, respectivamente, ganhadores e perdedores, contudo passará mais quatro anos e surpresa: nada de novo. Novamente igual, nada feito: o motorista, os assaltados, os pacientes, professores, vendedores, trabalhadores, pedestres continuarão lançando censuras sobre a cidade só para nas eleições seguintes não tentarem mudar esse estado.

Se continuar a apenas lamentar, vamos seguir para todo o sempre cuspindo palavras que não atingem os desdenhadores da cidade mais importante de Minas Gerais. Coisas básicas como pesquisar o histórico de candidatos, ouvir suas propostas (não seus showzinhos entusiastas e vazios), ver os feitos e antigos projetos e conferir se tais foram concluídos ou não. Sendo estas apenas as preocupações básicas para evitar colocar ou manter uma sanguessuga que bebe o suor dos cidadãos. Isso deve valer para todos os partidos e orientações políticas, para além de uma polarização política que só separa o povo e alimenta as carteiras dos políticos.

Já tirei o meu título de eleitor, apesar de ainda não ser obrigatório para minha faixa etária, eu pretendo exercer minha cidadania fundamental. Contudo, a atitude de voto consciente deve extrapolar de um grupo pequeno e ir a todos. O Estado é feito por indivíduos e ele é a projeção dos seus habitantes, mentes críticas e um julgamento com atitude para um governo efetivo que se preocupa em servir seus cidadãos e não a si mesmos.



Comentários (1)

Guest
Jul 16

Gostaria de escrever assim um dia...


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