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Que trem é esse?

jul 10

3 min de leitura

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 Por volta do final do século XIX, o interior de Minas Gerais, mais especificamente na cidade de Tiradentes, batizada em homenagem ao infame herói da Inconfidência Mineira, Sebastião Dutra, comumente chamado pelas pessoas da região como Tião, era apenas um jovem mineiro de 17 anos que ainda estudava na escola da região, mas já ajudava a sua família ao vender, durante o intervalo entre as aulas, os doces que sua mãe fazia no intervalo entre as aulas.

       Como todo jovem, principalmente adolescente, Tião possuía uma forte tendência a contrariar e irritar facilmente seus pais e seus familiares de forma geral. Porém, o garoto não o fazia de maneira alguma por desrespeito, mas o fazia por diversão e entretenimento próprio.

       Desde criança, Sebastião era conhecido por ser um menino travesso, e isso nunca passou despercebido pelos olhos das pessoas que eram próximas dele. Dessa maneira, inexplicavelmente, em uma família conhecida pela sua calma e pacificidade como a família Dutra, Tião nasceu para ser a exceção.

       O rapaz já tinha feito de tudo que podia para receber uma reação de irritação ou incômodo de seus pais, tentando desde pregar peças em familiares, como seus tios paternos que eram seu principal alvo de pegadinhas, até brigar com o vizinho pelo motivo mais bobo e fútil possível.

       Entretanto, no auge dos últimos anos de sua adolescência, ele queria fazer algo memorável, que não ficasse marcado somente na sua família, mas em toda a região. Assim, como um ótimo aluno e amante da língua portuguesa, começou a pensar em uma nova travessura que juntasse seu amor pela linguagem e desconcertasse seus pais de maneira leve o suficiente para não acarretar em punições, porém o necessário para irritá-los.

       Então, metade do ano já havia passado e ele ainda não havia pensado em nada, nenhuma ideia vinha em sua mente astuta. Entretanto, na metade de julho daquele ano, através de uma conversa que sua mãe teve com sua tia em um de seus vários cafés da tarde, o garoto ficou sabendo que seu primo Joaquim, que morava temporariamente com a cunhada de sua tia na cidade de Ouro Preto durante o ano letivo escolar, retornaria para Tiradentes durante as férias de julho para poder ter um estudo melhor na capital mineira da época, e o pai dele o iria buscar na estação de trem.

      A partir dessa conversa, de alguma forma, Sebastião finalmente descobriu sua nova brincadeira: usaria a palavra trem, que o encantava desde criança devido ao seu fascínio com a locomotiva, como sinônimo de toda coisa e objeto, de maneira a confundir as pessoas ao seu redor.Entretanto, para aumentar sua diversão, conversaria com seu primo no momento que possível após a sua chegada, para o introduzir na travessura e aumentar sua diversão.

     A partir dessa conversa, de alguma forma, Sebastião finalmente descobriu a travessura que faria: usaria a palavra “trem”, que o encantava desde criança devido ao seu fascínio com a locomotiva, como sinônimo de toda coisa e objeto, confundindo as pessoas ao seu redor. Ademais, para aumentar sua diversão, conversaria com seu primo no momento que possível após a sua chegada, para o introduzir na travessura.

  Assim, dois dias após a chegada de Joaquim, Tião encontrou seu primo em um café da tarde, o qual ele e seus pais foram convidados a comparecer na casa de seus tios para uma boa prosa. Como planejava, contou ao primo o que pretendia fazer, e o próprio de prontidão concordou em ajudar e participar da pegadinha, e assim, os dois começaram a usar o vocábulo já conhecido com um sentido diferente do comum entre si.

   Semanas depois, os adultos já se encontravam irritados e a brincadeira, de alguma forma, tinha se espalhado pelos jovens da região, chegando a se espalhar pelos jovens de todo o estado mineiro, de maneira a confundir a população mais idosa de Minas Gerais, deixando-os enfurecidos com a brincadeira.

   Foi só quando as férias de julho acabaram, que depois de tanto as pessoas escutarem “Que trem é esse/Que tal de trem que é esse, uai?”,  que Tião e os demais jovens finalmente explicaram aos mais velhos o significado da gíria “trem” não fazia referência à locomotiva, mas na verdade, queria significar ‘coisa’ ou representar algum objeto na fala sem citar o seu nome de fato.

    Com a revelação da travessura, os adultos acharam finalmente graça na mesma, e assim os jovens passaram a utilizar o termo ‘trem’ em seu significado de representar algum objeto, sendo depois passado de geração em geração, e marcando a cultura mineira desde então. Assim, essa expressão se tornou um traço muito presente na fala de cada uma das pessoas mineiras até os dias de hoje


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