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Política do jeito latino

set 11

3 min de leitura

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Um evento muito esperado está chegando aqui no Brasil. Em nossos vizinhos, já ocorreu, e em outubro será a nossa vez. A notícia da repentina eleição da Venezuela é algo para se guardar na memória, afinal não é todo dia que vemos o processo de diluição de uma pseudodemocracia. Para ser sincera, me sinto vendo o início da queda da ditadura brasileira na década de 80, só que em uma versão dublada em espanhol. Pode parecer pouco, mas o simples fato de existirem movimentos criticando e questionando o resultado da “eleição” já é um grandissíssimo indício que a faca do governo já não corta mais.


​Não pense que a história acabou por aí. Vamos recapitular um pouco: O Sr. Chávez conseguiu driblar os questionamentos e a competição política utilizando muito carisma, propaganda e armações. Contudo, seu pupilo Maduro não parece estar tendo os mesmos resultados: a situação econômica só está piorando, as mentiras e as perseguições políticas estão perdendo sua efetividade também e a verdade não só está batendo a porta, mas como já acabou por derrubar. Os protestos sobre a veracidade do sistema eleitoral e a falta de reconhecimento da incrível reeleição de Maduro por diversos países são fatores lindos para que esta era chegue ao fim. O processo ainda seria longo, teriam revoltas, tentativas de contenções e muito caos, mas um dia os venezuelanos teriam também sua campanha de ‘Diretas já!’ e poderão voltar a ser uma democracia legítima depois de tanto tempo.


​Essa questão democrática parece ser algo que sempre repercute em toda a história dos países latinos. Até hoje ainda temos muitos governos autoritários e ditatoriais em nosso continente que, em geral, seguem a mesma premissa de um “presidente vitalício” e políticas econômicas, sociais e governamentais ineficientes que só são úteis aos seus criadores. A rocha-matriz latina sempre foi muito próspera no que se diz na

germinação da instabilidade política e de ditaduras. Esta terra, em primeiro lugar, foi moldada sobre a sombra de metrópoles que impunha normas imperialistas, logo, depois de uma independência cara e sangrenta, assumiu governos que ainda sofriam muita influências de países como Inglaterra, de suas próprias metrópoles e dos USA, principalmente se tais estavam amparados pela doutrina Monroe. Mas aí veio a guerra fria e os polos latinos, majoritariamente, se voltaram novamente às grandes nações. Logo, a América Latina sempre esteve acostumada a seguir comandos e não a comandar, sendo que até hoje dependemos muito da política externa de outros países.


​Nunca devemos esquecer que o governo estatal e a organização política moderna nossos ainda é bem recente. Ou seja, somando isso ao nosso histórico de interferências, a política e o ser político ainda precisam se desenvolver e compreender o que ele é, onde começa uma atitude autoritária ou onde termina o poder de um governo, e isso vale também para a figura do cidadão. A compreensão e o acesso aos direitos civis e políticos para a maioria das pessoas da américa latina, historicamente falando, é algo recente também, pois antes éramos súditos e colonizados para depois poucos terem direitos e, finalmente agora, a maioria ser realmente cidadão. Dessa maneira, a compreensão da liberdade, da reivindicação e da ação da cidadania ainda está sendo explorada, junto com o poder de influência e responsabilidade sobre o próprio Estado.


​Os Estados latinos são tão variais quanto a sua cultura. Eu vejo todos os acontecimentos dentro desse âmbito como um desenvolvimento natural de nações jovens com um histórico complicado, mas isso não é justificativa para conformismo, pelo contrário, assim como a ação, a reação é natural e na mesma direção com sentidos opostos. Apenas o tempo, os cidadãos latinos e (muitas) eleições, junto com algumas reviravoltas surpresas que só o futuro pode nos mostrar, vai levar a maturidade e estabilidade democrática, a base que qualquer país precisa para se desenvolver socialmente e assim todos chegarem em sua nova república.


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