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O Perigo do projeto das Histórias Esquecidas

abr 9

3 min de leitura

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Foi durante a pandemia que a nossa safra de estudantes, desses que nasceram em 2008 e alguns adiantados de 2009, aprendemos por todo um semestre a história do continente africano. Grande parte foi para o Egito, mas os Reinos de Gana, Mali e Somália junto a era islâmica também estiveram em nossas aulas de história por esses quatro meses. Atualmente, estamos no primeiro ano do ensino médio, em tese, devíamos está revendo toda a matéria do ensino fundamental level 1, mas qual foi a minha surpresa que quatro meses de história do continente mãe se tornou em quatro páginas explicando de maneira tão rasa que parece um riacho magro nordestino. Eu realmente tinha ficado feliz em poder rever as águas passadas, mas quando em mergulhei acabei quebrando a cara pelo rio ser raso.


Em suma, recebemos como menu uma lista de uma dúzia de nomes de povos africanos, uma sopa aguada do que devia ter um retrogosto de Mali e Gana com um toque de Somália, o Egito nem veio, deve ter passado do ponto e por isso decidiram jogar fora, contudo nos enviaram um pedido de desculpas em forma de informação nova, algo chamado de “O perigo da teoria da história única da África”, vimos esse tema, discutimos e caiu em uma pergunta na avaliação e pronto, se acabou. Me sinto realmente desconcertada por passar de uma prova do professor, uma avaliação especial e um trabalho só com o assunto da África, para uma pergunta só em uma prova. E digo mais, a mente do leitor já deve ter captado a hipocrisia nessa mudança.


Antes focamos na África como um centro de cultura e desenvolvimento de civilizações incríveis e lendárias, agora só alguns reinos pelo porquê de lá ter saído grande parte dos escravizados que foram levados a força para as colônias. Mas tudo bem, está perdoado, afinal nos disseram: “Não se esquece galera: a África tem muita história e coisa bacana, não é tudo igual não.”. Catapimbas! Como eles querem que as futuras gerações saibam realmente das dimensões africanas se os professores não são permitidos a passar para nós, alunos? Fala-se tanto de respeitar a história e a luta negra, mas não são capazes de apresentar ela para nós de uma maneira honrada e solene como era feito antes. Minha prima, de nove anos, nem a minha irmã, um ano mais nova que eu, não pegaram e nem pegarão o perfume desse saber, vão só receber mais uma informação que talvez nunca faça sentido: “Na África tem muitas histórias e povos exóticos.” Projetos, projetos aleijadores de inteligência, de corpo para a aula. A culpa não é do nosso professor, é dessa loucura de dilacerar e tentar mastigar aprendizados para os estudantes, do que eles têm medo? De engasgarmos ou de pensarmos de mais? Na minha opinião, aposto que não é a primeira opção a resposta, pois se fosse não teria o Novo ensino médio. Arrepio de medo só de pensar em ser analfabeto funcional.


Na verdade verdadeira, a solução é simples, nenhuma hidra de sete cabeças. Volte com a história para as escolas, isso vale para a geografia, as ciências naturais, a matemática e companhia, mas em uma versão real e de maneira integral, não desnatada e com baixo teor de gordura. Se não dá para passar todo esse peso no ensino médio, compreensível, é difícil, mas não retire também da queles que podem ver, saborear e aprender (não é à toa que “saber” e “sabor” é a mesma palavra no latim: “sapere”). Critico o sistema não por está resumindo os conteúdos para mim, estudante do ensino médio, o ralho por está tornando insosso as verdades humanas para nós e invisíveis para os mais novos. Então, minha pátria amada, tenha mais respeito por uma das nossas e a primeira mama, África. Isso foi só um desabafo de uma aluna para a BNCC, espero que ela não me compreenda mal, nunca quis ataca-la, pois o que os alunos significam frente a ela.

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