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Nobre e dolorido amor

set 4

3 min de leitura

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Na região onde atualmente se situaria o Peru, antes da chegada dos espanhóis ao continente americano, havia a presença de um povo único, com cultura, história e religião riquíssimas, conhecidos como Incas.


Assim como toda etnia, possuíam lendas e histórias fantásticas, as quais explicavam a origem de elementos da natureza e da vida, além de outros aspectos que não tinham uma explicação racional em sua comunidade, misturando misticismo e a religiosidade de seu povo para explicar o que ainda sua ciência não era capaz de responder.


Entretanto, o curioso é que a mais popular delas, se assemelha à famosa criação do homem apresentada no livro bíblico de Gênesis, mas, ainda assim, não é contada ou ensinada na maior parte da América Latina.


A história da criação da humanidade na visão Inca, começa com o deus criador Viracocha, que, após criar o Sol, a lua e as estrelas a partir do lago Titicaca, assim como o mundo, a partir do barro, criou os homens e os colocou em cavernas, de onde saíram para o mundo exterior.


Todavia, em sua adoração às divindades, o povo Inca não se contentava em somente rezar para seus diversos deuses, mas também faziam sacrifícios para homenageá-los, e é assim que a história de Chasca começou.


Como filha do chefe da tribo, passou toda sua vida observando como os sacrifícios eram feitos em prol dos deuses e até ajudava no preparo da pessoa a ser oferecida às divindades, já que exercia o papel de curandeira para ajudar sua comunidade. Porém, foi através desses rituais místicos nos quais contribuiu que teve seu destino mudado.


A menina de 17 anos já havia passado da idade de se casar para uma mulher de seu povo, mas, por ser beneficiada como a herdeira do governo de sua tribo, não fora incomodada com o casamento obrigatório, seu pai a deixaria escolher uma pessoa a quem tivesse afeição para completar tal ritual emocional tão sagrado na vida de uma pessoa.

No entanto, o que muitos não sabiam, era que já tinha escolhido seu marido havia anos: um guerreiro famoso em sua tribo por suas grandes façanhas e coragem chamado Atahualpa, quem ela conhecia desde criança devido à amizade de suas famílias e, com o passar dos anos, por quem havia se apaixonado. Todavia, resolveram esperar para realizar o matrimônio para que houvesse o amadurecimento pessoal dos dois enamorados.


O que os dois pombinhos não esperavam era que o guerreiro fosse ser escolhido como sacrifício para um ritual para o deus do Sol, Inti, no momento em que os dois pretendiam pedir às duas famílias para se casarem. Mas, em se tratando de uma homenagem aos deuses, era uma honra e nada se podia fazer..


Assim, quando a cerimônia iria tomar lugar e Chasca deveria preparar seu amado para o destino final dele, a moça não conseguia desempenhar seu papel, soluçava em meio a lágrimas de tristeza, não conseguindo pensar em uma vida em que seu guerreiro já não estivesse ao seu lado.

Suplicou então a seu pai que a sacrificasse junto de Atahualpa, para que juntos morressem de maneira honrosa e ela não tivesse de viver com a dor de uma perda tão grande. Com imenso pesar, mas em um gesto de amor à filha ao ver o quanto aquilo lhe importava, o chefe da tribo concedeu o desejo.


Ao final, partiram de maneira nobre os amantes e muitos dizem que vivem felizes em seu paraíso como duas pequenas e brilhantes estrelas próximas do Sol, nas quais foram transformados pelo deus Inti que se comoveu por tamanho gesto de afeição demonstrado pelos dois incas, transbordando seu carinho enquanto iluminam o céu nas noites escuras do Peru.

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