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Impérios Esquecidos

set 18

3 min de leitura

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Para a tristeza de vários e o desespero de todos, na próxima semana todo o primeiro ano do ensino médio terá simulado ao tradicional estilo pandemônico do ENEM, sendo a primeira prova com quarenta e cinco questões de linguagens e mais outras quarenta e cinco de humanas com direito a uma redação de sobremesa no final. Ou seja, é melhor ir colocando as coisas e o estudo nos trilhos para não ser atropelado mais tarde, e esse foi o plano. História parecia uma matéria boa por começar: passei pela Idade Média, Renascimentos, Idade Moderna, Iluminismo e Colonização da América. Listando agora, é possível perceber o descomunal eurocentrismo da História, visto que todas as etapas (Idade Antiga, Média, Moderna e companhia) são feitas de acordo com a lore da Europa, quase que o sol gira em volta dela.


Se minha memória me permite recordar, só lembro de ter visto conteúdos de história mais variados no sétimo ano, como Mesopotâmia, Egito Antigo, outros reinos africanos e, claro, os Impérios da América Latina. De longe um dos melhores temas para estudar: vimos desde a origem destes povos, passando pelo desenvolvimento, pela característica e pelo fim dos Impérios Maia, Asteca e Inca e ainda pudemos aprender um pouco sobre suas mitologias. Na verdade, a complexidade e desenvoltura desses reinos era invejável para os colonizadores, afinal os Incas tinham um sistema de distribuição e abastecimento de água que a Europa não tinha, os Astecas tinham calendários e conhecimentos matemáticos desconhecido no velho mundo, a arquitetura de todas ainda é um mistério de tamanha perfeição e complexidade, tudo erguido com alavanca, cordas e outros segredos tragados e queimados pelos espanhóis. Imagine a confusão dos adelantados quando viram que a capital do povo dito por eles como selvagens que precisavam conhecer a civilização e o progresso era construída sobre as águas de um enorme lago com ilhas artificiais. Contemplem a beleza da cidade de Tenochtitlán, sem ser lenda ou mito, apenas real e persistente até os dias atuais.


A América era literalmente um mundo à parte, separada pelo Atlântico, mas próspera e infinita até o 12 de outubro de 1492. É basicamente unânime que o motivo da vitória dos colonizadores foi principalmente causada pelas epidemias trazidas pelos ibéricos e pela crise que esses impérios sofriam, as quais foram usadas para os espanhóis e portugueses conseguirem ajudar outros povos dominados pelos Incas e os Astecas a se rebelarem e, assim, tomar Tenochtitlán e assassinar o Sapa Inca. Imagino que se não fossem esses fatores, o punhado de exploradores e navegantes com seus mosquetes de carga lenta não seriam capazes de render dois impérios com mais de 11 milhões de habitantes em cada um. Não só templos e cidades foram afogados, mas registros e conhecimentos foram eclipsados por muito tempo. O desdenho para manter a justificativa da colonização precisava se manter, afinal, se eles tinham política, comércio, moeda, arte, matemática, medicina, astronomia, agricultura e religião, não faria sentido o discurso de levar Fé, Rei e Lei, se tornando completamente disfuncional.


A única forma que não pode ser enterrada ou suprimida é a forma oral da memória. O ser humano criou as letras e os diversos sons de vocalização por muito mais motivos que informar dados básicos, uma necessidade ou um perigo eminente: não, o idioma é um portador de histórias e de saberes, uma mandala de palavras que adotamos de outros semelhantes e que costuramos em outras. A língua é fonte da base humana, ela que faz tudo ser possível e compreensível, pois ninguém é capaz de conhecer tudo. Dessa forma, manter a memória da solene história de nosso continente está escrito no nosso vocábulo, da mesma maneira que contamos casos de famílias e que contamos memórias que não nos pertence sobre eventos longínquos. Apenas agora estas civilizações estão sendo estudadas mais profundamente, mas lembrarmo-nos que o mundo é feito muito mais que de gregos e reis medievais deve vir de uma consciência coletiva e espero que esta crônica tenha tecido uma memória sobre alguns impérios latinos bem mais charmosos que muitos reinos por aí

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