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A Cidade Fantasma

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4 min de leitura

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Durante o intervalo do almoço escolar, eu e meus amigos decidimos ir a um restaurante próximo para aproveitar o tempo livre. Sentados em uma mesa ao lado de fora, conversávamos animadamente sobre histórias de mistério quando fomos interrompidos por um homem estranho.

Ele se aproximou devagar, desgastado e com roupas rasgadas, lançando um olhar esquisito em nossa direção.

"Vocês sabem da lenda da cidade fantasma?", perguntou ele com uma voz rouca.

Ficamos assustados, mas curiosos com o que ele tinha a dizer. O homem continuou, sua expressão sombria refl etindo um conhecimento profundo dos mistérios que cercavam aquele lugar abandonado próximo a Ouro Preto.

"Dizem que nessa cidadezinha não havia muitos habitantes, mas muitos mistérios aconteciam por lá. Pessoas desapareciam sem deixar rastro, fi guras fantasmagóricas eram avistadas além de ter rumores de uma antiga maldição que assombrava aquele lugar."

O homem foi embora e nos olhamos assustados. O resto do dia na escola passou em um borrão de pensamentos e teorias sobre a cidade fantasma. As conversas se transformaram em planos secretos para uma possível exploração, apesar dos avisos sombrios do estranho.

Decidimos que na semana seguinte iríamos à tal cidade fantasma. Preparamos tudo para a viagem, pegamos um ônibus cedo pela manhã, gastamos horas de viagem só observando as paisagens.

Assim que desembarcamos, andamos até o hotel. Na recepção, enquanto fazíamos o check-in, não pudemos deixar de perguntar à recepcionista sobre como chegar à cidade fantasma. Ela nos lançou um olhar arregalado antes de responder.

"Por que vocês querem saber disso?", perguntou ela.

"Não estão pensando em ir até lá, não é? Não é seguro."

"É só por curiosidade", respondemos tentando não revelar nossos verdadeiros planos.

A recepcionista suspirou, claramente preocupada. "Bem, se estão determinados, terão que pegar uma trilha que fi ca a cerca de 800 metros daqui. É uma trilha perigosa, com muitos animais selvagens pelo caminho, além de uma mata fechada. Serão cerca de 8 horas de caminhada."

Por um momento pensamos em desistir diante dos avisos dela, mas Camila falou com determinação.

"Já estamos aqui, gastamos dinheiro com as passagens, temos que ir", disse ela com fi rmeza.

Com medo e um pouco de receio, decidimos chamar um táxi para nos levar até o ponto de partida da trilha. Quando começamos a caminhada, olhamos para o céu e percebemos nuvens escuras se formando rapidamente.

"Vai chover", murmurou André, preocupado.

Logo a chuva começou a cair, transformando a trilha em um lamaçal escorregadio. Decidimos procurar abrigo debaixo de uma árvore alta para nos protegermos da tempestade. Estávamos encharcados e desconfortáveis, e o tempo parecia estar contra nós.

"Eu sabia que não devíamos ter vindo", resmungou André, irritado com a situação.

Enquanto esperávamos que a chuva passasse, insetos começaram a nos rodear, picando e zumbindo em nossos ouvidos.

Finalmente, após uma jornada exaustiva, chegamos à cidade abandonada. Caiamos no chão, exaustos e felizes pela conquista. A cidade estava em ruínas, as casas cobertas de vegetação e um cheiro horrível pairando no ar, como se a própria natureza estivesse tomando posse do lugar deserto.

Decidimos passar a noite em uma das casas menos deterioradas que encontramos. O interior estava coberto por teias de aranha e muita poeira . Não havia conforto ali, apenas o chão de madeira duro sob nossos corpos cansados enquanto tentávamos dormir.

A luz do sol invadiu o cômodo pela manhã, nos despertando. Decidimos explorar a cidade sob a luz do dia, uma decisão tomada com uma mistura de curiosidade e um pressentimento sombrio. Cada esquina estava repleta de uma energia pesada, como se estivéssemos caminhando através de memórias esquecidas e segredos ocultos.

Foi quando avistamos uma delegacia, suas paredes descascadas e a porta de entrada enferrujada. Tentamos abrir, mas estava trancada. Com um esforço conjunto, conseguimos força-la a abrir, revelando um interior caótico. Móveis quebrados, documentos espalhados e muitas aranhas. Não parecia apenas um lugar deserto, mas sim um cenário de uma catástrofe.

Enquanto explorávamos a delegacia em busca de pistas, Camila fez uma descoberta chocante: documentos antigos, amarelados pelo tempo, que detalhavam desaparecimentos misteriosos e mortes inexplicáveis. Todos os casos estavam ligados às residências cujos números terminavam em 6. O silêncio tomou conta do ambiente.

Foi então que começamos a ouvir ruídos estranhos ao nosso redor. Dei um grito quando vi algo estranho entre o vão de uma porta, corremos em desespero para fora do prédio, sem rumo pelas ruas desgastadas até encontrarmos uma casa que se destacava das outras. Ela estava notavelmente arrumada, com comida na geladeira, além de estar com um cheiro agradável. Era a casa 656, como Camila apontou, um detalhe que arrepiou nossos cabelos.

Antes que pudéssemos entender a signifi cância do número, fomos confrontados por um morador inesperado. Ele nos encarou com olhos penetrantes e uma voz áspera que cortou o silêncio da tarde.

"O que vocês pirralhos estão fazendo aqui?", ele gritou, sua presença imponente nos fazendo recuar com medo.

Sem responder, fugimos pela porta dos fundos. Nos escondemos em um beco estreito até que a sensação de perigo diminuísse.

"André está certo. Precisamos sair daqui", disse Camila com uma voz trêmula, ainda processando tudo o que havíamos vivido.

Voltamos à trilha que nos trouxe até ali, a sensação de sermos seguidos nos assombrando a cada passo. Evitamos olhar para trás, focados apenas em escapar daquela cidade estranha.

Quando a trilha acabou, chamamos um táxi para nos levar de volta para o hotel. Mas nossa surpresa foi imensa quando o motorista que chegou era o mesmo homem estranho que encontramos na cidade fantasma.

"Vocês sabem por que as pessoas abandonaram a cidade?", ele perguntou.

Engolimos em seco, sem saber o que dizer sobre sua pergunta.

"A cidade foi amaldiçoada por eventos sombrios do passado. Uma epidemia misteriosa estava matando os moradores, forçando-os a fugir", ele explicou sombriamente, como se estivesse compartilhando um segredo há muito tempo guardado.

Finalmente, chegamos ao hotel, onde nos despedimos dele rapidamente.

"Nunca mais voltaremos lá", declarou André com fi rmeza, decidindo que era melhor mantermos nossas descobertas em segredo para evitar que algo pior acontecesse.

E assim terminou nossa viagem à cidade fantasma, deixando para trás mistérios inexplicáveis e uma sensação estranha que nunca nos abandonaria.

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